Acolhendo as crianças – exemplo prático
Na gestação do meu segundo bebê conheci um grupo de profissionais que apoiam o parto humanizado. Depois que ela nasceu, participei de alguns eventos do grupo destinados a adultos, mas onde as crianças eram bem vindas. Foi aí que vi que já tem gente acolhendo as crianças em eventos e o quanto isso é fundamental.
Um deles foi uma roda de gestantes com o tema de Paternidade ativa. Nela, além de casais gestando estavam dois casais com bebês de mais de um ano, além de mim e meu marido com as duas crianças (o mais velho com 3 anos e a bebê com 5 meses).
Já falei no post: Não, permitimos crianças, sobre nosso hábito de deixar mães e crianças à margem da sociedade e que isso é negativo.
E o que quero compartilhar desta experiência é que podemos sim acolher as crianças em um evento de adultos de forma natural, respeitosa e sem grandes conflitos.
Acolher com respeito
Nesta roda as crianças são bem vindas e todos sabem disso. Então nenhum adulto fica constrangido por que sua criança está ali.
O ambiente é levemente adaptado. Coisas simples como colocar no alto o que uma criança não pode mexer, usar protetor de tomadas, limpeza e alguns brinquedos simples.
O espaço para movimentação é livre, tanto das crianças quanto dos adultos, o que é adequado a todos.
Sendo respeitadas e acolhidas naquele espaço, as crianças rapidamente assumem um comportamento adequado, mas não agressivo ao seu momento de vida.
Mesmo o nosso filho mais velho, que está numa idade de correr, se deslocou no centro da roda, brincando com carrinho e outros objetos de forma adequada. Não precisamos lhe dizer para não fazer muito barulho, nem para sentar quieto. Algumas vezes ele falou mais alto, mas logo retomou o tom de voz mais baixo como todos.
Atenção
Respeitar a criança é não esperar que tenha um comportamento de adulto. Uma criança não vai ficar duas horas sentada num canto lendo. Mas ela pode ficar circulando em volta dos adultos com alguns brinquedos. Não podemos exigir que não faça barulho ou fale, mas se falarmos baixinho e ela se sentir acolhida no espaço, não necessitará gritar para chamar atenção.
Pode acontecer de precisar sair para dar uma volta, ou gastar um pouco a energia, pode sim, aí saímos, depois voltamos. É como quando precisamos levantar ir ao banheiro ou esticar as pernas, vamos e depois voltamos.
Respeitando, seremos respeitados.
Se elas desde pequenas estiverem em contato com o mundo em todo seu contexto, aprenderão que há momentos e locais para atividades de correr e de sentar, de gritar e de calar. Se as ajudarmos desde pequenas a desenvolver suas habilidade de adequação ao ritmo, teremos crianças e adultos mais felizes.
É um grande exercício, as vezes mais difícil, às vezes mais fácil. Mas a prática deste exercício nos torna pessoas melhores, mais respeitosas e tolerantes e ensina muito sobre respeito às nossas crianças. Pelo menos é o que temos experimentado e vivido na prática.