Castigo, como se livrar dele?

É muito bonito falar que castigo é um método cruel e “errado” de educar. Assim como é fácil falar de várias ferramentas e alternativas ao castigo que são lindas, gentis e super funcionam… nos livros e na casa dos outros. Não sei na casa de vocês, mas na minha nunca são como contam os exemplos dos livros.

Minha proposta de trabalho é justamente fazer uma ponte entre o que lemos no livro e em como isso acontece em nossa casa, no dia a dia, na vida real. Porque é muito fácil teorizar, e incrivelmente difícil colocar em prática. E olha que eu tento muito!

O contexto do castigo

Castigo é violência

O castigo é um método violento, autoritário embasado em poder e que desrespeita os direitos humanos. Nenhum ser humano merece sofrer violência física, moral e emocional. Precisar recorrer a violência é uma limitação, que faz parte de nosso processo evolutivo, e precisa ser combatida. O fato é que somos violentos e vamos manifestar esta tendência de muitas formas durante a nossa vida. O processo de educação para paz consiste em irmos reduzindo nossas manifestações de violência conosco e com os outros. Isso vai acontecer a partir da consciência, reflexão e treino.

Nossa cultura é altamente violenta com as crianças em todos os aspectos. E somos violentos com os adultos também. O castigo está impregnado em nossa forma de existir. E não só no Brasil. A prática até foi abrandada ao longo dos anos. Já não espancamos as pessoas na praça pública, embora em alguns países isso ainda aconteça. Mas seguimos castigando crianças e adultos com a desculpa de estar educando.

O castigo em nosso cotidiano

Nossa base de conduta adulta é a multa, a prisão, os pontos na carteira de motorista. Se não obedecermos somos punidos. Desta forma pagamos nossas contas em dia para não pagar a multa e não por moral. Respeitamos o trânsito para não ter pontos na carteira e não para preservar a vida. Vide a indústria de transferência de pontos e o fato que vemos nas rodovias onde todo mundo freia e anda devagar na frente do pardal e da polícia e depois aumenta a velocidade no resto do trajeto. Nós não decoramos a tabuada mas decoramos onde tem pardal na autoestrada.

O medo do castigo também é vivido em outras relações de nossa vida adulta. Como por exemplo em situações abusivas de trabalho. Hora extra não remunerada, trabalho nas férias, abuso moral, de poder, fazer coisas erradas porque o chefe mandou, tudo isso para não ser castigado não recebendo aumento, promoções ou até sendo demitido. Muitas pessoas adoecem por conta desse medo de ser castigado e nem percebem que estão em uma relação abusiva. O castigo está tão normalizado em nossa cultura que não o percebemos.

Quando ficamos ofendidos ou não gostamos de algo que alguém nos faz também recorremos ao castigo. Deixamos de falar, fazemos alguma coisa que a pessoa não gosta, nos silenciamos, temos uma tendência a vingança que é um tipo de punição. Este comportamento está relacionado com as mágoas de nossa criança interior. Se você age assim, avalie, olhe com carinho, não com culpa, mas com compaixão e respeito.

Reflexo histórico

Se fomos educados com base em castigo e punição, continuaremos achando esta prática normal e por isso, quando adultos, seguimos sendo educados ou controlados da mesma forma. Nem percebemos que castigamos e somos castigados. A base que orienta nossa conduta adulta, que deveria ser moral, é punitiva. O que é típico de uma sociedade com muita ignorância e pouca sabedoria. E é natural que sejamos assim, visto que ainda vivemos as consequências de uma idade média devastadora, seguida de exploração colonial e ditaduras cruéis que insistem em se repetir.

O que não é natural é seguirmos presos a este padrão não eficiente e que desrespeita a natureza humana. E a mudança que começamos agora vai ter efeito apenas nas próximas gerações. Comportamento humano e social não muda em curto prazo. É um processo muito longo por sinal.

Espero que tenha conseguido dar uma base de por que castigo não é bom para quem é novo no tema. Agora vamos ao que interessa. Como faz?

Educando crianças sem castigo

Às vezes castigamos

Nós evitamos muito o castigo e a violência aqui em casa. Mas não vivemos em um livro de conto de fadas. Então às vezes estamos tão desesperados (cansados, sem saber como lidar, sem tempo, sem recursos, etc) que a única forma de quebrar um comportamento é o castigo. É o último recurso, é raro de acontecer, mas acontece.

O que torna válido este processo é que buscamos aprender com ele. Sempre depois de uma situação de castigo refletimos sobre o que estava acontecendo. Quais necessidade das crianças não estavam sendo atendidas? O que elas estavam querendo manifestar a partir do mau comportamento? Porque nós adultos apelamos para o castigo? Qual necessidade nossa que não estava sendo atendida e nos levou a reagir com violência? A treta é a ponta do iceberg, precisamos mergulhar e olhar o que tem lá embaixo.

E a principal: Quais mudanças faremos para que isto não aconteça mais. E sempre, depois de mais calmos, procuramos conversar com as crianças sobre a situação. Falamos o que sentimos, porque ficamos zangados e perguntamos o que elas sentiram, o que elas não gostaram da situação e sua opinião de como melhorarmos. Claro que este processo não é muito fácil com os bem pequenos, mas aos poucos vai melhorando.

Como evitamos o castigo

Construção cotidiana

São muitas as alternativas, a maioria de hábitos cotidianos que reduzem a necessidade de castigo e brigas. Crianças bem supridas em suas necessidades de afeto, segurança e respeito tendem a serem muito mais respeitosas. Então começamos a evitar o castigo quando o bebê nasce. O respeitamos como ser humano assim como respeitamos qualquer adulto. O respeito e a colaboração é construção diária. Porque se não investimos nisso, ficaremos sem recursos mais tarde. Acredito que se não ensinarmos respeito e colaboração respeitando, ficaremos escravos do grito e da violência.

É muito bom começarmos uma relação não violenta com nossos bebês. No entanto, é comum que só tenhamos contato com o conceito com as crianças maiores, ou adultas. E isso não é impeditivo, a não violência pode ser iniciada a qualquer momento da vida que vai qualificar as relações. As ferramentas da disciplina positiva e da própria comunicação não violenta podem ser usadas em qualquer momento da vida.

Ferramentas da disciplina positiva

Cantinho da calma:

Um espaço construído com a criança onde ela (e nós) pode ir quando precisar se acalmar. A criança não é obrigada a ir ao cantinho, mas convidada. Você alerta que ela ou você, está nervosa e precisa se acalmar e lembra que há o cantinho. Tem muita ideia e vídeos na internet explicando sobre como executar. O YouTube do Paizinho V´´irgula tem vídeos sobre isso muito bons.

Reconhecer e validar sentimentos:

Tudo bem ter raiva, ciúmes, preguiça, inveja. É natural da espécie humana, o que não é natural é ferirmos o outro por conta da nossa raiva. Reconhecer o sentimento e aprender alternativas de lidar com ele é fundamental.

Raiva – bater no joão bobo, na almofada, pular no chão. Acalmar: fazer um quebra-cabeça, pote da calma, alguma atividade manual, de concentração. Ir para a rua. Sair do ambiente um pouco. Respirar fundo.

O processo vai ser você, enquanto adulto, começar a identificar seus sentimentos. Pensar em o que precisa para relaxar (não é esconder ou negar, mas reverter). Ao fazer esta experiência seus filhos vão vendo e aprendendo. No dia que montei o cantinho da calma na minha nova casa eu fui a que fiquei mais tempo nele. Reconhecimentos como “Filho, gritei com você porque senti muita raiva e não consegui controlar”, “estou muito chateada, preciso ficar só um tempo para me acalmar”.

Rotina:

A rotina previsível é fundamental para a criança desde bebê. Não é rígido, mas uma estrutura padrão com ordem e um horário semelhante para cada coisa. Manter o ambiente previsível (coisas sempre no mesmo lugar, brinquedos, móveis). Avisar quando a rotina vai mudar: “Hoje não iremos na escola, porque vamos ao médico”. “Hoje é sábado, ficaremos em casa”. “Hoje vamos a casa do fulano, ficaremos um pouco lá, depois vamos almoçar e você fará a soneca no seu carrinho”.

Preparar a criança para as situações:

“Você vai no médico, ele vai tirar tua roupa, examinar os olhos, ouvidos, pesar.” “Vamos no restaurante almoçar, podemos caminhar enquanto a comida não chega, mas depois vamos sentar para comer. Quando um adulto terminar, podemos ir lá fora brincar”. Tornar previsível: “talvez você precise de vacina, pode ser que doa, mas vou estar contigo. Quer levar seu ursinho?” “Vamos ter que fazer uma burocracia, talvez demore. Que tal levar um brinquedo para esperarmos? E depois podemos ir em uma pracinha”.

Combinados:

Combinar antes de sair de casa o que vai acontecer. “Vamos na loja de brinquedo comprar o presente para o amigo. Não vamos comprar nada para você porque não é seu aniversário”. Se a criança pedir você reforça: “é aniversário do amigo, não vamos comprar hoje, mas se você quiser muito, podemos comprar no seu aniversário“. Ou “Combinamos que não compraríamos hoje, vamos para casa pensar se você realmente quer este brinquedo? Não devemos comprar por impulso“. “Não trouxemos dinheiro para comprar isso hoje.” “É muito caro, podemos fazer um cofrinho se você quiser muito”.

O fato de ter feito o combinado não significa que a criança não vai pedir ou não vai chorar porque quer o brinquedo. E o choro é aceitável. Ela teve muita vontade de um brinquedo em um ambiente que favorece o desejo. É natural que sinta-se frustrada e chore, e isso não significa que não cumpriu o combinado. Acolha com palavras como: “Filho, você está com muita vontade né? Eu entendo que você está frustrado, mas temos um combinado. Vou te abraçar enquanto você chora e quando passar, seguimos o passeio.” Contei um fato sobre frustração lá no insta!

Outros exemplos: “Vamos ficar na praça x tempo depois vamos embora”. “Vamos comer uma bala só, depois do almoço“.

Veja que não é preciso mentir e enganar a criança, basta trata-la com dignidade e respeito como trataríamos um colega adulto.

Dar o tempo para a criança:

A criança precisa de um tempo maior que nós para se adaptar a alguma situação. Quando chega num lugar, leva um tempo para se ambientar. Ao ir embora também. Coisas do tipo: “Filho, daqui há pouco vamos embora.” “Termina de brincar para irmos para casa”. “Em quantos brinquedos você quer ir antes de sairmos da praça? Não, 50 é muito, pode ser 2 ou 4?”. “Termina de brincar e vamos para o banho.” Quando tocar o despertador é hora do banho, vai se preparando“. “Você quer ir para o banho pulando ou rastejando. “

Permitir que a criança faça as escolhas que pode fazer:

Roupa (limite uma ou duas opções aos pequenos e oriente os maiores). “Quer comer pão ou ovo no café?” Tudo que ela puder escolher, permita.

A criança começa apresentar a necessidade de autonomia muito cedo. Quanto começa a caminhar recebe uma energia de conquistar o mundo que só cresce. Se bloqueamos teremos conflitos. Por isso a visão Montessoriana é importante, deixar que a criança faça tudo que pode fazer, permitir que ela faça suas escolhas. Isso é muito importante na formação da identidade.

Adapte a casa:

O ambiente não precisa ser de foto de revista, mas precisa ser adaptado para que a criança se sinta pertencente. Coisas perigosas, delicadas, que precisam de mais cuidado, tire de perto. Vá introduzindo aos poucos. Um bebê vai mexer em tudo, ele não sabe controlar. Aos poucos irá aprendendo. Adapte, é temporário e evita tensões.

Claro que temos muitas limitações em nossas realidades, mas faça o máximo possível e vá conquistando as adaptações. Recicle, seja criativo, o importante não é ser perfeito, mas suficientemente adequado.

Situações específicas

Quando tem algum desafio específico eu vou para a internet pesquisar como lidar. Tem muita gente falando sobre parentalidade e você olhando três ou quatro vídeos já consegue uma ideias de como conduzir cada situação. Mudam as casas, mas os problemas são os mesmos. Outro recursos são os grupos do Facebook, onde você pode postar o que lhe acontece e ver o que outros pais fazem. Eu indico um que é o Ohana que é muito bem mediado e com dicas qualificadas de profissionais. Ele é bom porque a mediação evita ofensas e opiniões infundadas.

Uma situação que vivi

Eu comecei a ter uns desafios com meu filho de 4 anos com relação a saída na rua.

Morávamos em uma cidade onde fazíamos tudo de carro e mudamos para outra onde só andávamos a pé e de transporte público. Naturalmente meu filho não sabia se comportar na rua. E precisamos aprender a ensiná-lo.

Ele saía correndo, não esperava, não escutava o que falávamos. Enfim, era um caos. Ele acabava se colocando em risco e eu me sentia muito insegura de estar com ele na rua. Ambos agíamos por instinto, e ficávamos em uma briga de poder.

A solução não é imediata

Era uma situação nova, não sabíamos lidar, brigamos, mas aos poucos fomos nos ajustando. Levou um mês o processo de aprendizagem, talvez um pouco mais. Testei ferramentas, fiquei frustrada, perdi a paciência, senti raiva e impotência.

Em casa comecei a explicar porque eu ficava com medo de ele se machucar, qua haviam regras de comportamento (o que esperávamos dele para andar na rua), onde ele podia correr e onde não. Os espaço de atenção e cuidado.

Combinados

Também combinei que quando ele extrapolasse o limite e se colocasse em risco eu o seguraria pelo braço para que ele parasse e me ouvisse. Tipo um “alerta vermelho”. Ao invés de gritar, bater ou ameaçar, escolhi segurar no braço (para ele não sair correndo e eu poder abaixar e falar o problema). É firmeza, sem violência (claro que é treino e faço isso muito mais braba do que plena e consciente, mas sou mãe em formação ainda, faço o melhor que posso).

É uma forma de sinalizar que o limite está sendo ultrapassado. Nós adultos também precisamos sinalizar ao outro que ele está passando do limite conosco. Geralmente mostramos nosso limite com violência pois não sabemos dizer não e uma hora estouramos.

Em alguns momentos eu aviso antes: “Filho, não está legal, vou ter que te segurar”. Neste momento do limite, tento oferecer alguma alternativa para que ele se acalme, respire, oriento ao invés de punir. E se permanece o problema, pegamos com firmeza e levamos embora. O que não tem acontecido.

Ajuda externa

Quando estou com muita raiva e ofendida com a situação, peço para o meu marido intervir pois ele está de cabeça fria e faz o meio de campo no conflito. E isso é importante, ter um intermediador que ouça ambos e ajude a solucionar a situação.

Como é uma situação de limite, nem sempre somos plenos, porque também ficamos irritados. E claro que xingamos. Neste caso, depois pedimos desculpa, falamos porque ficamos tão brabos, e conversamos sobre como melhorar. E quando a situação degringola, buscamos forma de ser melhor na próxima vez.

Assim que conseguimos nos entender na necessidade de liberdade e autonomia dele e na minha de segurança, e combinamos “ações chaves” para sinalizarmos os nossos limites, o processo fluiu melhor. Temos mais confiança um no outro e agimos em conjunto. Ambos amadurecemos.

E quando nada funciona?

Essas atitudes minimizam muito a necessidade de castigo. No entanto, não é conto de fadas e teremos situações que nada disso vai funcionar.

Há momentos muito delicados no processo de desenvolvimento da criança e dos pais. Você já se deu conta que nasceu como mãe no mesmo dia que seu filho veio ao mundo? Ambos estão aprendendo, errando e acertando.

Há momentos difíceis

Temos momentos onde a vida está difícil, com situações de stress até bastante duradouras. E nossas crianças também estão em crises existenciais de quem são, de aprendizagem. Ambos tem dias ruins, situações difíceis, insegurança, frustração. Então dependendo do desafio não teremos ferramenta ou solução. Às vezes precisamos recorrer ao tempo, o famoso “vai passar”.

Maturidade

É comum a criança não ter maturidade para fazer algo que achamos que ela deveria fazer. Vamos ter que educar, orientar, falar, falar, falar, até que ela entenda, internalize e consiga agir. Por exemplo, minha filha de 2 anos está na fase que tudo tem que ser do jeito dela. E não adianta explicar, falar, ensinar. Ela não tem maturidade para fazer do jeito que respeite a família, e nós adultos, maduros, precisamos aceitar a limitação dela e nos adequar. Ela sai de casa de chinelo e eu levo o tênis na mão para entregar para a professora, porque quando chega na escola ela já esqueceu que não queria o tênis.

Mandar nos pais

A criança pequena vai “mandar” nos pais e isso não é ruim. É justiça.

O conceito de justiça é dar a cada um o que lhe é devido. E nem sempre é a mesma coisa. Em um canteiro de obras, não posso exigir que uma pessoa de 60 anos carregue a mesma quantidade de pedras que um jovem de 18 anos. Desta madeira não posso exigir que a criança de 3 anos tenha a maturidade de uma de 8 anos.

Precisamos adaptar o processo a maturidade do momento da criança que até os 7 anos é bastante limitada. Ela não tem auto-controle, até sabe que não deve mexer, mas não consegue passar essa informação para suas mãozinhas. Não consegue compreender que estamos atrasados e não pode levar 30 minutos tentando colocar a meia sozinha. Então, nós, que temos consciência, precisamos nos adaptar. Não é obedecer a criança, mas respeitar sua maturidade e necessidade de desenvolvimento. Se assumirmos nosso papel de adultos maduros, estaremos sendo justos. Se não formos maduros, estaremos sendo negligentes.

Justamente por ser respeitada em sua fase de desenvolvimento, que a criança não será egoísta, mimada, mandona, sem limites e outros tantos rótulos com os quais justificamos a necessidade da punição. Pelo contrário, ela se sentirá pertencente, amada e segura. E estes valores lhe farão colaborativa. Assim como permitirão que ela se desenvolva como tem que ser, sem traumas e fragilidades de caráter. Ao desenvolver a maturidade e por ter sido instruída de forma respeitosa repetidamente, ela vai ir aprendendo o que é esperado de comportamento dela.

Quando vamos aprender algo novo precisamos fazer várias vezes até ficarmos bons. Temos que exercitar. É assim com a criança. Ela também precisa de tempo para aprender, longo tempo, uns 24 anos mais precisamente.

Um olhar para dentro

A necessidade de punir, castigar e ser obedecido que temos mostra a nossa ignorância em saber lidar com nossa raiva, frustração, medo, insegurança e demais necessidades. É falta de autocontrole do adulto. E se você se identificou é porque você é normal. Não fomos ensinados a lidar com nossas emoções e sentimentose e não aprendemos auto regulação. É natural que não saibamos. Agora precisamos correr atrás da m´áquina e aprender, para que este ciclo violento não se perpetue.

Conclusão

  • Temos total certeza que castigo e punições são negativos. Assim como temos certeza de o quanto é difícil educar sem eles. Tanto por termos sido educado em uma sociedade de base punitiva quanto por ser tão desafiador educar. Educar sem violência é muito mais difícil.
  • As ferramentas que citei são todas usadas realmente por nós. Todas foram testadas e funcionam na maioria das vezes. Muitos conflitos já resolvemos com elas e eles deixaram de existir. Claro que às vezes esquecemos de usá-las, ou não somos muito eficientes. É treino, conversa sobre os desafios e busca de como melhorar que nos ajudam.
  • Há momentos em que realmente a treta é grande e não sabemos como resolver. Precisamos de tempo, reflexão, testes de como resolver sem violência. Novos desafios, novas formas de resolver. Faz parte.
  • Às vezes punimos, mas por limitação nossa e não porque a criança é ruim. Dói dizer isso, mas é a verdade. Mas nem tudo está perdido, temos a capacidade natural de aprendermos com nossos erros.
  • Podemos pedir ajuda. Para aquele amigo que tem filhos maiores que os nossos, para as comunidades da internet, profissionais da saúde, profissionais de parentalidade, educadores. Lembra que é preciso uma aldeia para educar?

Castigo também não é fácil

Não é fácil não por que dói mais na gente (essa desculpa quem inventou foi a culpa e vaidade), mas porque não é efetivo. A impressão que eu tenho é que quando a criança é educada pelo castigo as punições são constantes e desgastante pra todo mundo. E os desafios não são solucionados, eles permanecem sempre presentes. Até se resolve naquele dia, ou naquela semana enquanto durar o “efeito castigo”, mas quando passar, o desafio volta igual ou com mais força. Não há aprendizagem, mas um vício no ciclo de punição. É aquela questão do “Por que bebes? Para esquecer! Esquecer do que? Esquecer que bebo!” levantada pelo Pequeno Príncipe.

Por fim, garanto que é possível educar com menos punição e mais respeito. Porém não é mágico e dá bastante trabalho. É um processo de longo prazo, mas que vemos que nossas crianças realmente aprendem e se tornam colaborativas e a partir deste momento aquele desafio deixa de ser um problema.

____________________

Uma das minhas atuações é ajudar os pais na busca por uma educação menos violenta. Se quiser conversar mais a respeito de como reduzir punições ou buscar formas de lidar com desafios pontuais em sua relação com seus filhos, entre em contato contando um pouco de seu desafio. Os atendimentos são on-line e o valor adaptável à sua realidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.