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Bebês novinhos podem dormir à noite inteira sem traumas, castigos ou torturas.

Não tive grandes problemas de sono com meu primeiro filho. Logo no primeiro mês ele já dormia a noite inteira, da meia noite às 6h da manhã o que considero razoável. Vou contar um pouco da minha experiência e como construímos a rotina do sono do Ben bebê.

“Precisamos estar descansados para cuidar bem de nossas crianças”.

É sabido que bebês deixam seus pais sem dormir. Alguns apenas nos primeiros meses, outros nos primeiros anos. Eu sempre acreditei na importância de estarmos descansados para termos qualidade de vida. Então busquei pesquisar sobre como qualificar o sono da família quando o bebê chegasse.

Autoconhecimento: como é o seu sono


Tem pessoas que precisam dormir mais e outras menos, então a primeira coisa que fiz foi identificar minha necessidade de sono e o quanto a ausência dele impacta em meu rendimento, humor e qualidade de vida. Com base nisso busquei criar a rotina de sono aqui de casa.

Eu preciso dormir de 7 a 8 horas diárias para ficar bem, claro que eventualmente consigo dormir menos horas em dias alternados da semana e me manter produtiva e bem humorada. Agora dormir pouco de 5 a 7 vezes na semana me deixam um caco.


Criando a estratégia


Eu li muito, tudo que eu achava sobre sono dos bebês eu lia, aí fui vendo o que era coerente e razoável para aplicar.

Qualifique a gestação

O processo todo começou na gestação, onde busquei um ritmo mais calmo de vida e respeitei o momento que eu estava vivendo. E uma gestação de qualidade impacta positivamente em seu bebê.

Não se preocupe que não virei uma pessoa ZEN que abdica de tudo. Na verdade segui fazendo as mesmas atividades, mas passei a levar as coisas menos a sério.

Uso uma máxima que diz: “Há coisas que dependem de nós, e outras que não dependem.” Então passei a fazer o que dependia realmente de mim.

Sabe os problemas, cobranças, exigências e perfeccionismos que nos deixam estressadas? Fui dando menos valor a eles. Resolvia o que dava, no tempo que tinha e se não dava, paciência, fica pra próxima ou deixa pra lá.

Percebi que na nossa vida tem algumas poucas coisas realmente importantes que precisamos garantir e estão relacionadas a qualidade humana (garantir bons relacionamentos com as pessoas que são importantes para nós, garantir tempo para estarmos com nós mesmos nos suprindo de coisas positivas). Há também algumas questões de sobrevivência como garantir o mínimo para uma vida digna com um trabalho, casa, comida, estudos. O que é relacionado a isso, é prioridade.

O resto é apenas resto. Pecuínhas, problemas dos outros, modismos, status e todas essas tranqueiras  dá para deixar para lá.

Se não dá para comprar o melhor carrinho, ok, meu bebê não vai se importar, fico com o que dá no orçamento e pronto, vai servir. 

Rotina

Quando o Ben nasceu foquei em criar uma rotina que favorecesse seu sono nas noites. Isso envolveu os seguintes passos:

Não deixar ele dormindo conosco

Eu não consigo dormir com o bebê na minha cama e também tenho dificuldade deixando eles no carrinho ao meu lado. Ben dormiu em nosso quarto na primeira semana, depois passei a deixá-lo no berço com a babá eletrônica em uma prateleira acima do berço. Dica: não deixe dentro do berço pois qualquer respiro do bebê irá lhe acordar.
Foi difícil? Sim, muito. Porém, iria garantir a qualidade do meu descanso e a qualidade de vida da minha família. No nosso apartamento o quarto dele era pertinho do meu, então quando chorava eu chegava rapidinho.
Quem opta pela cama ou quarto compartilhado precisa avaliar se isso não está prejudicando o sono e se estiver, buscar alternativas. Não adianta dormir perto do bebê para ele se sentir acolhido e seguro e não ter qualidade de vida durante o dia. Quando estamos cansados ficamos com menos paciência, pior humor e isso prejudica mais nossas crianças que dormir em quartos separados. É uma questão para ser avaliada com consciência.

Explicar para o bebê sobre o sono da noite

Nós explicamos tudo para nossos filhos desde o nascimento. Não sei o quanto eles compreendem, mas acredito que faz todo o sentido. Quando explicamos o que estamos fazendo a um bebê, de alguma forma ele absorve a informação e usa isso para construir seu modelo de mundo. O bebê aprende por observação, repetição e identificação de padrões (por isso a rotina). Então mesmo que não entendam nossa linguagem, eles absorvem o que falamos e fazemos e conforme forem amadurecendo vão usar isso.

Comecei a falar com meu segundo bebê para ela dormir a meia noite e acordar só às seis. Coincidência ou não, sempre que falava isso, misteriosamente ela resmungava, tinha cólica ou chorava até a meia noite, quando tudo se resolvia e ela caia em sono profundo. 

Há quem diga que quando falamos não nos limitamos a fala, mas aos gestos também. E mais que isso, nossas palavras geram sentimentos, emergia e intensões que no âmbito mais sutil da existência (aqueles que não enxergamos) geram impacto. Bebês são bastante sensíveis ao que é mais sutil, portanto, as intensões que acompanham nossa linguagem serão compreendidas por nossos bebês.

Eu conversava com o Ben de forma lúdica, explicando que era noite, que era o momento de dormir bastante porque é o momento em que ele vai crescer e descansar das experiências do dia. E era o momento em que eu e seu pai também iríamos descansar para cuidar dele no dia seguinte.

Rotina de sono

Aprendi que a rotina não pode ser rígida, mas deve existir. Depois de muito tempo aprendi também que a rotina do bebê não é como a nossa, fixada em horas, mas na ordem de cada coisa. Bebês não tem hora para nada e querer impor isso vai gerar stress para todo mundo. O que dá para fazer é criar rituais, ordem para as coisas para que o bebê se sinta seguro.

Minha rotina de sono começava pelas 22 ou 23 horas. Geralmente eu colocava música clássica ou de ninar no quarto. Começava com o banho para o bebê relaxar. Na sequência amamentava e por fim colocava na cama explicando para ele que seria o sono da noite, mais longo para que ele cresça e descanse, assim como nós.

Geralmente o Ben dormia mamando, então eu só colocava no berço. Algumas pessoas dizem para não acostumar o bebê a dormir mamando por ser um hábito ruim. O Ben naturalmente dormia mamando o que é comum aos bebês e eu achava ruim acordar para por no berço. É horrível quando você está dormindo e alguém lhe acorda, então achava meio sem noção acordá-lo só para colocar no berço e fazê-lo dormir novamente. Além disso estava cansada e não fazia sentido acordá-lo. Nunca tivemos problemas com isso, quando comigo, dormia no peito, quando era meu marido que o fazia
dormir ele ninava até dormir. As vezes embalávamos no carrinho. Algumas noites demorava mais, outras menos, mas sempre funcionava.

O ritual terminava por volta da meia noite, então podíamos dormir até às 6h da manhã quando ele acordava para mamar.

Alguns pontos a considerar: No primeiro mês Ben acordava pelas 3h para mamar. Nos seguintes passou a emendar 4h e na sequência as 6h que eram o suficiente para nós termos todas as fases do sono o que era absolutamente feliz. Ben não teve cólicas, nasceu com bom peso e não teve dificuldade em ganhar peso. Assim não tinha problema em deixá-lo dormir sem acordar a noite. Essa orientação é dada pelo pediatra que vai avaliar se o bebê já pode ficar a noite inteira sem mamar ou não.

Respeitar a característica do bebê

O Ben tinha como características emendar muitas horas de sono desde que nasceu. Eu precisava acordar ele para mamar durante o dia, caso contrário ele dormia 4 ou 5 horas no primeiro mês. Ganhou peso mais lentamente por conta disso. O que fazíamos era acordá-lo para mamar de 3 em 3 horas durante o dia e deixá-lo dormir o máximo que podia a noite. Esta foi a orientação da pediatra.

Cada bebê é diferente, então antes de tudo aprenda a respeitar seu bebê, converse, acredite e entenda que para ele também é um desafio este processo. Seja empática.
Converse com o pediatra e procure uma segunda opinião.

Se seu bebê acordar muito durante a noite, vá atrás de ajuda, pois não é saudável nem para os pais nem para o bebê ficar sem dormir. Pode ser que ele não esteja mamando bem, ou alguma questão gástrica (refluxo, alergia ou adaptação natural do bebê com a digestão). O bebê deve dormir bem, se não o faz é porque algo não está bem.

Quem pode ajudar: pediatras, enfermeiras obstétricas, enfermeiras que ensinem a amamentar, banco de leite (oferecem orientação a amamentação), psicólogas, grupos de apoio a maternagem, YouTube e Google.

Como buscar informações na internet

Eu aprendi a amamentar no YouTube, pois no hospital não me ensinaram nada. Olhei vários vídeos, li vários textos, foi bem difícil porque eles não são muito aprofundados e não tem uma comunicação olho no olho, o que torna esse tipo de aprendizagem mais difícil. Também é ruim porque você não tem com quem conversar para validar o que aprendeu. Por esses motivos ter com quem falar é melhor. Eu falava com meu marido o que foi bom, mas com um especialista é melhor.

A cada artigo e vídeo eu anotava mentalmente as dicas e refletia se eu estava fazendo ou não. Se não estava, começava a fazer, se já estava, avaliava se fazia certo.

É preciso ver várias vezes a mesma informação e ir aplicando para realmente aprender.
Eu também gosto de pesquisar várias fontes para validar se o que está sendo dito é correto.

Respeitar a natureza

Na minha casa, durante o dia mantínhamos a luz e os barulhos normais da casa para o bebê saber que era dia. Claro que usava o bom senso, fechava um pouco a cortina para deixar levemente escuro o quarto, fechava a porta, colocava a música de dormir, ou seja, criava um clima favorável que não impactasse no ritmo da casa.

Não me parece fazer sentido usar uma cortina blackout e proibir todos os ruídos da família durante o dia porque o bebê está dormindo. Temos um relógio biológico que funciona em sincronismo com a natureza, o bebê também o tem e precisa aprender a usá-lo de forma natural. Acho que é tendência que ele faça isso, é só não atrapalharmos.

Se seu bebê tem problemas com orientar-se sobre dia ou noite, busque ajuda ou pesquise como ajudá-lo a criar um bom hábito de sono.

Pensamento positivo

Eu sempre soube que dormir a noite era fundamental para a saúde de nossa família. E durante toda a gestação eu imaginava meu bebê dormindo bem. Eu mentalizava isso nas minhas reflexões e não ficava falando que depois que ele nascesse não iria mais dormir, que ia dormia antes do nascimento porque depois não daria mais. Nunca foquei neste pensamento, pois acredito que o pensamento se concretiza e não era o que queríamos. Mesmo diante de comentários alheios eu pensava: comigo não vai acontecer, meu bebê irá dormir.

Mentalize como você quer que as coisas sejam e essa será a energia e mensagem que você fornecerá ao seu bebê, mesmo que inconscientemente. Há uma proximidade gigante entre bebê e mãe. Portanto, seu pensamento será compreendido por ele, seja lá qual for a explicação.

Dar tempo ao tempo

Alguns bebês vão dormir bem logo, outros demoram mais. Precisamos respeitar nossos bebês e seus ritmos. Porém, é importante a qualidade de vida. Se o processo está muito dispendioso e estressante é porque algo não está bem, seja com vocês ou com o bebê. Pode ser físico ou emocional. Eu acho importante saber que podemos e devemos procurar ajuda para manter a saúde da família toda.

Se as noites não estão melhorando e você não consegue descansar, aja! Reflita sobre a rotina, crie uma rotina de noite mais sólida e clara, converse com mais clareza com seu bebê, ame-o, mesmo que ele não lhe deixe dormir. Reflita sobre como você está se sentindo diante da maternidade (está segura?) e como seu bebê pode estar se sentindo (ele está seguro? algo o incomoda?).

Se a coisa não fluir, busque ajuda logo.

Se seu bebê não dorme nunca, busque ajuda

As vezes pensamos que faz parte não dormir e que aguentar tudo é amar nossos filhos. Não é assim. Amar é garantir uma família saudável, é estar descansada e assim ter plenas condições de cuidar da família.

Ter olheiras não prova que você é uma boa mãe.  

Não é normal um bebê não dormir. Se isso acontece há algo errado. Pode ser um desconforto físico difícil de identificar até alguma questão emocional que está atrapalhando o processo de vocês. Somos extremamente sensíveis no puerpério e nossos bebês também. 
O sono com um bebê não é o mesmo que sem bebê, mas também não significa que a qualidade do sono depois que viramos pais é péssima. Se você está achando isso, busque ajuda, pesquise e mude algo. Dormir razoavelmente bem é possível.

Durma durante o dia

Faça sonecas ou deite para descansar durante o dia, isso qualifica sua vida, não tenha vergonha.

Eu me sentia mal e meio preguiçosa por dormir de dia, mas depois vi que isso era fundamental e passei a dormir sem culpa.

Nas primeiras semanas após o nascimento os hormônios nos deixam mais alertas e com a sensação de podermos tudo, mas depois eles vão sumindo e ficamos com sono e cansaço real. Fique alerta e siga o conselho de dormir quando o bebê dorme, e se não for dormir pelo menos sente e relaxe um pouco, reserve energia física e emocional que será necessária ao longo dos primeiros anos de seu filho.
Meu segundo bebê

Quando escrevi este texto a Flora era recém nascido. Ela também dormia bem, ao contrário do que todos diziam. Falavam que se o primeiro bebê era calmo o segundo era terrorista. Meus dois bebês vieram calmos o que prova falha na teoria. Acredito que parte é pela natureza deles e outra parte pela forma que conduzimos as coisas.

Aos dois meses ela ainda acordava pelas 5h da manhã para mamar e tinha um sono mais agitado que o Ben. Ela tem mais dificuldade com o processo digestivo, o que não a deixa “hibernar”. Mas ela dorme bem.

Acho que por já não ser mãe de “primeira viagem”, consegui dormir melhor com ela no meu quarto, pude deixá-la mais tempo no quart
o compartilhado.

Mais adiante conto mais sobre o processo com ela. Ainda é cedo para ter um parecer geral.





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