Despertando pais conscientes | Grupo de estudos 16-09-2020 Resumo do segundo encontro do grupo de estudos Despertando pais conscientes. Conversa baseada no livro Por que gritamos? Da Elisama Santos. 

Sentimentos são bons ou ruim?

Existe uma tendência em classificarmos os sentimentos em bons ou ruins. Talvez relacionados a própria questão da dualidade do mundo manifestado. Nossa compreensão de mundo é baseada na dualidade: claro ou escuro, dia e noite, alto ou baixo. Porém a existência da dualidade é questão de fato e observação, não de julgamento. O bom e ruim, o alto ou baixo são relativos. Para mim azeitonas são boas, para meu marido não. A noite é ruim? Ser alto é ruim? Eu sou alta em relação ao meu filho, mas baixa em relação ao meu marido. A dualidade é em relação a alguma coisa. São fatos, energias, movimentos que tem seus opostos para que possamos entender o mundo ao nosso redor.

Ao atribuir julgamento como o dia é bom e a noite é ruim. Ou ainda, o dia de sol é bom, o dia de chuva é ruim. Acabamos a nos limitar e a sofrer gratuitamente. Temos a opção ao acordar de escolher se viveremos um dia de chuva com prazer ou se iremos vivê-lo com lástima.

Da mesma forma não precisamos julgar nossos sentimentos em bons ou ruins. Precisamos identificar e acolher. Refletir sobre a origem e qual o impacto que ele gera em nós naquele momento e buscar formas de transmutá-lo para que sirva para nossa evolução. Sentir raiva, tristeza, alegria, inveja, compaixão é natural ao ser humano. Não há nada de errado em sentir.

O valor de acolher as emoções

Precisamos olhar para o que sentimos, seja bom ou seja ruim. Essa é uma chave para o autoconhecimento e para evoluirmos enquanto humanos. Identificar como estamos no dia, ou quais as oscilações de sentimentos em cada dia. Perceber se estivemos alegres, com raiva, serenos ou agitados. Identificar o que nos fez mudar de sentimento. E principalmente buscar saber o motivo de sentirmos alegria, raiva, tristeza ou nostalgia.

Esta tudo bem sentir, seja o que for. Permita-se. Chorar, gritar, rir alto, rir baixo, estar agitado ou calmo. Permita-se. Aos poucos vai buscando se entender e validar: me fez bem, ótimo, vou fazer mais vezes. Me fez mal, por que? Como curar? Nossas emoções fazem parte de nós. Não precisamos omití-las, mas aprender a nos regular em relação a elas.

Resgatar a intuição

A intuição é uma dádiva que os humanos tem, mas que a cultura materialista e utilitária nos tirou. Deixamos de valorizar, acreditar e ouvir nossa intuição. O que nos tira uma ferramenta grandiosa para lidarmos com os desafios da vida.

Nos mitos heróicos, sempre há um elemento externo, superior que ajuda o herói. Uma fada madrinha, uma Deusa, um Mestre, um ser fantástico ou mitológico. Quando a situação fica realmente difícil e o herói quase perde a batalha, lá está alguém mágico para lhe ajudar. Eu tenho visto a intuição como este “ser mágico”, esse algo além do que estamos vendo. Que não vence a batalha por nós, mas que nos faz enxergar melhor, nos lembrar de quanto somos fortes, nos dá a dica que há outros caminhos, nos tira da limitação de nosso mental ou emocional.

No caminho da parentalidade é a intuição que nos salva muitas vezes e quem vai nos orientar para a melhor escolha em relação aos nossos filhos. Mas para tanto, precisamos ativá-la.

Para de se entorpecer

Quando não sabemos lidar coma s nossas emoções, há uma tendência ao entorpecimento. Fazer qualquer coisa para não sentir, para evitar as dores de experiências negativas ou simplesmente por medo de não saber lidar com a energia que as emoções liberam.

Aqui entram os vícios e os hábitos que criamos para nos distrair e não pensar na dor, no sofrimento. Ao invés de trabalharmos pela solução colocamos um pano por cima. Compulsões, culpar o outro, vitimização, estagnação, etc.

Um problema relacionado é que quando nos entorpecemos para não lidar com um sentimento ruim, também nos entorpecemos para lidar com os bons. A vida então fica morna e cheia de máscaras.

A solução é aprendermos a lidar com quem somos, aceitando que somos luz e sombra. Que temos coisas boas e ruins e que é assim. Estamos aprendendo, a cada dia a sermos melhores, mas ainda falta muito para sermos seres iluminados.

Não somos responsáveis pelos outros.

Embora existam muitas pessoas próximas a nós, que amamos ou temos a responsabilidade de conviver. Não somos responsáveis pelo mundo interno delas. Há coisas que dependem de nós e coisas que não dependem.

Somos responsáveis por aprendermos a lidar com nossos sentimentos, por mudar nossa forma de pensar. Mas não podemos mudar o outro, ou dizer ao outro o que sentir e como sentir. Precisamos respeitar o limite e a vontade de cada um.

Assumir o protagonismo e responsabilidade da nossa vida

Somos responsáveis pela forma que queremos viver nossa vida e devemos assumir esse protagonismo. É direito de cada um fazer escolhas e viver sua identidade. A nossa felicidade depende de nós.

Atrás do sentimento há uma necessidade

Por trás do que sentimos ou de nossas ações há sempre uma necessidade humana básica que está querendo ser atendida. Quando aprendemos isso, temos o poder de tentar identificar o que nos motivou a tal comportamento ou sentimento. E graças a este movimento conseguimos nos auto regular e buscar qualificar nossa experiência.

Aceitar ser quem somos

Somos o que somos e tá tudo bem. Não precisamos fingir para sermos amados, ou aceitos. Precisamos lutar pela nossa identidade e exigir que sejamos respeitados por quem somos. Está tudo bem sermos quem somos, com nossas qualidade e defeitos, fragilidades e potencialidades. Todo mundo tem luz e sombra. Precisamos aceitar esta realidade em nós e em quem convivemos. E não podemos condicionar nosso amor apenas a aquele que nos faz feliz. Não seremos felizes o tempo todo, nem todos nos agradarão o tempo todo e é assim mesmo.

Fato e opinião

´É muito importante aprendermos a enxergar o que é fato e o que é opinião. Fato é o que aconteceu, sem nenhum julgamento. Opinião é quando julgamos com base as nossas expectativas e nossa visão de mundo.

Fato: Está chovendo. Opinião: Dias de chuva tudo é mais difícil. Fato: Meu filho chora quando cai. Opinião: Meu filho chora muito quando cai mesmo tombos leves.

É importante sabermos essa diferença para não sobrecarregarmos os outros e a nós mesmos com opiniões. O risco é que a opinião se embasa em mitos, tabus, preconceitos, crenças limitantes, perspectiva, instintos, interesses pessoais.

O fato é limpo de opinião, é apenas descritivo, sem carga emocional envolvida. Fato: a criança caiu e cortou o dedo. Opinião: a criança caiu porque corria muito e cortou o dedo porque é azarada.

Para além da opinião está o conhecimento que vai se embasar na pesquisa, estudo, reflexão e deixa de ser um julgamento vazio.

Nossa identidade não pode estar baseada na opinião dos outros

Quando crianças somos imaturos e dependente de nossos pais. Não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Assim, a opinião deles sobre nós acaba ganhando um papel muito importante. Assim como a opinião de outros adultos influentes em nossa vida. Amamos nossos pais, queremos que eles nos amem e como eles nos ensinam, cuidam e protegem, e por fragilidade infantil acabamos aceitando tudo o que dizem como lei.

Por isso que nós, adultos precisamos evitar impor opinião no comportamento de nossos filhos pois elas serão fortemente absorvidas. Além disso orientar para que a criança possa desenvolver sua forma de ser, gostos, preferências livremente.

A opinião de nossos pais e adultos influenciadores também marcou muito nossa identidade. Muitas vezes somos mais o que os outros disseram que éramos do que nós mesmos. É comum termos mais ações e características para agradar aos outros e acabamos abafando quem realmente somos.

Desta forma surge a necessidade de resgatarmos quem realmente somos, independente da expectativa que nossos cuidadores tinham e que as pessoas de nosso convívio tem.

Aprender a ler o nosso corpo

Nosso corpo nos dá as informações que precisamos. Antes de explodirmos com uma manifestação de emoção (raiva, tristeza, exaustão), nosso corpo sinaliza. Ao desenvolvermos essa habilidade de olhar o que nosso corpo manifesta, podemos aprender sobre nossas emoções.

Identificar as necessidades que os gatilhos nos alertam

A base de nosso comportamento e ações tem muita relação com nossas necessidades humanas. A raiva, o grito, a briga, o mau comportamento são manifestações de necessidades, formas de compensar ou esconder. Se estou com medo tendo a ser agressivo ou o tradicional comer para compensar a ansiedade.

Mapear qual necessidade determinado comportamento camufla ou como manifestamos as necessidades em nossas ações nos ajuda no autoconhecimento. Assim, ao invés de culpa, começamos a identificar problemas e a buscar soluções.

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