Dois anos são terríveis e maravilhosos
Aqui em casa o os terríveis dois anos, ou terrible two, se somou com a chegada da Flora, nosso segundo bebê, e foi bem intenso. Eu estou adotando o termo “Os terríveis maravilhosos dois anos”. Porque são terríveis sim, não se pode negar. Aquela criança fofa e amável passam a ter crises em que vira um gremlin de verdade.
Claro que, nos intervalos dessas crises, eles ainda são maravilhosamente fofos. O que torna o momento maravilhoso e terrível.
É uma fase extremamente desafiadora, recompensadora e cheia de contrastes.
Desafiadora para os pequenos e para nós pais. O que aprendi é que trata-se da fase de amadurecimento emocional da criança, onde eles deixam de ser bebês mas ainda não são grandes o suficiente. Isso gera uma bomba de sentimentos que eles não sabem controlar.
E esses sentimentos são jogados em cima de quem?
De nós pais.
Por quê?
Porque lhes damos segurança.
As crises do terrible two são um sinal positivo
Se seu filho chora, briga, esperneia e grita quando está com você é porque algo vai bem. Ele confia em você para mostrar seu lado negro, suas angústias, seu lado gremlin. Ele sabe que você vai apoiar, acolher e amar igualmente. E devemos treinar para cumprir com essa expectativa dos pequenos para que não cresçam frustrados.
Pesquisei muito sobre essa fase dos dois anos e descobri várias dicas dentre as literaturas humanistas. Sigo todas, as vezes com mais habilidades, outras com menos, mas colocamos tudo em prática aqui em casa. Mesmo assim as crises acontecem.
Depois de alguns cabelos brancos e conversas com especialistas, aprendi que mesmo que façamos tudo perfeito, as crises vão acontecer. Elas não acontecem porque não sabemos educar. Não devemos ser egocêntricos e achar que as crises nos pertencem. Elas são da criança, é a criança que precisa e, independente do nosso comportamento a crise emocional, vai acontecer. O que podemos fazer é ajudá-los a amadurecer e aprender com cada crise até que eles cresçam e dominem o seu gremlin interior (como nós fazemos, ou deveríamos fazer).
Mesmo que façamos tudo perfeito, as crises vão acontecer.
A crise faz parte do processo de aprendizagem e vai ser proporcional à necessidade de cada criança. Então a criança “pitizenta” não é pior que a “calminha”. Esqueça os rótulos. Perceba que cada uma tem seu desafio. A criança calminha pode estar apenas camuflando a crise para não ser punida, o que vai lhe trazer mais sofrimento do que aquela criança que é acolhida.
Observar
Para além da teoria precisamos observar a criança e refletir sobre o que acontece, só assim vamos aprender a ajudá-la. As receitas dos livros são só ingredientes, precisamos colocar o tempero de acordo com a criança e contexto familiar. Este é o desafio, é como vamos aprender na trilha da maternagem.
Não é frescura
Então não é mau comportamento, não é frescura, malandragem, psicopatia, nada disso. É uma crise emocional, são sentimentos e emoções que se misturam em uma proporção nunca vista por aquela criança e ela não sabe o que fazer com aquilo. Ela precisa liberar a emoção e isso gera o “piti”. Assim que for liberado e acolhido, ele passa, ela amadurece um pouquinho e parte para a próxima.
Não é fácil para a criança
Se seu filho passa por uma fase difícil de muitas crises é porque ele precisa aprender algo. Busque entender o que se passa e ajudá-lo. Assim que o aprendizado acontecer, as crises diminuem. Eles passam de fase, como nos games.
Tenha fé que o resultado virá
Às vezes parece que não faz a menor diferença acolher, acalmar, ter paciência e tudo o que nos esforçamos para fazer. O gremlin aparece igual. Mas acredite, sua atitude faz diferença sim, não evita nem acaba com as crises, mas ajuda sua criança a despertar suas potencialidades e a isso chamamos educar. Os resultados nem sempre são imediatos, mas acontecem.
Acolhimento
Aprenda a acolher, isso é uma forma de amor. Acolher é diferente de ser permissivo, mas isso é assunto para outro post. Acolher é respeitar o sentimento da criança, mesmo quando não entendermos. Respeitar sua dor, frustração e não xingá-la ou puni-la. Ajudá-la a se acalmar mantendo a voz calma, protegendo para que não se machuque de forma respeitosa e não violenta, evitar falar muito, levá-la para um espaço mais calmo e tranquilo onde ela possa respirar, mostrar que ela está nervosa, que precisa se acalmar para lidar com a situação.
Você vai conseguir
Assim conseguiremos passar pela fase sem mágoas e desequilíbrios em nós e em nossas crianças. Sim, porque se não acolhermos nossas crianças nesta fase, elas precisarão ser curadas no futuro, e nem sempre conseguirão. Muitas das nossas falhas de caráter ou defeitos são por falta de acolhimento na primeira infância e temos muita dificuldade de superarmos quando adultos. Por isso, uma criança bem acompanhada na primeira infância gerará um adulto que poderá despertar o melhor de si, ao invés de ter que curar marcas do passado. Essa é a dinâmica, cuidar da primeira infância para que tenhamos adultos melhores.
Enfim é uma fase desafiadora e maravilhosa de auto conhecimento, acolhimento e provas para nós e para os pequenos. Tem dias que erramos e outros que acertamos. Precisamos refletir sobre isso, e buscar melhorar.
Como você tem lidado com isso? Conte aqui nos comentários!