Após o nascimento do bebê, a mãe passa por um período de pós-parto repleto de desafios físicos, emocionais e espirituais. Infelizmente, em nossos dias, este momento não é valorizado como deveria. Vejamos um resumo das questões físicas próprias do pós-parto.

Leia também: Precisamos falar sobre puerpério e A puérpera está sendo negligenciada.

A recuperação no pós-parto

Durante a gestação o corpo da mulher passa 9 meses se transformando para gerar, nutrir, garantir o pleno desenvolvimento do bebê e seu nascimento com segurança.

A placenta

Acontece inclusive o desenvolvimento da placenta, um órgão que se forma após a fecundação cuja função é manter o bebê vivo. Expelida após o parto, é única, ou seja, cada um de nós teve uma placenta exclusiva que nos garantiu a vida. Trago essa informação pois só percebi o valor do órgão na minha segunda gestação. Ela, além da responsabilidade física de garantir a vida do bebê, tem um papel simbólico importante que será tratado em artigo próprio.

Falta de energia

Todo este processo exige muita energia do organismo. É por isso que a gestante sente muito sono, muita fome e, muitas vezes, se sente cansada, sem energia e vontade de fazer qualquer atividade. Essas sensações são totalmente justificáveis, afinal ela está sobrecarregada gerando uma vida.

Não é preguiça como julgam alguns, é um sobre esforço para o corpo da mulher. E não respeitamos este momento como deveríamos. Perdemos as referências e, de forma geral, não sabemos como tratar a gestante durante e no pós-parto.

A parte mais cansativa da gestação são os três primeiros meses, onde há o desenvolvimento da placenta e das funções principais do bebê. Então, mesmo que não tenha barriga aparecendo a gestante estará cansada e indisposta. O último trimestre é o mais desconfortável, pois a gestante tem dificuldade para respirar, comer, dormir, tomar banho, dentre outras.

Os trimestres na gestação

De forma super resumida, no primeiro trimestre o corpo e órgãos do bebê, e a placenta, se forma. No segundo trimestre acontecem os “ajustes finos” do desenvolvimento e no terceiro trimestre o ganho de peso e maior crescimento. É um resumo bem simplista do processo, parar mais detalhes basta “dar um Google” e buscar referências obstétricas.

O pós-parto

Quando o bebê nasce, o corpo não se recupera imediatamente. Todas essas alterações precisam de meses para voltarem ao “normal”. Inclusive algumas não voltam ao que era antes. E é este período de recuperação que estou considerando quando falo nos aspectos físicos do puerpério, ou pós-parto. Esta classificação não é obstétrica/médica, esta servindo apenas para ilustrar minha reflexão.

Não vou me adentrar nas questões em si, visto que temos fontes mais qualificadas para falar sobre este assunto. O que quero destacar é a importância dos cuidados com a saúde física da mulher no pós-parto.

Não partimos do zero

Já avançamos muito em saúde pré-natal. O acompanhamento que temos na gestação hoje é muito maior do que há 30 anos. São consultas mensais, ecografias trimestrais, exame de sangue, testes e acompanhamentos bem completos, até considerados exagerados por alguns médicos.

O acompanhamento médico pós-parto também acontece de forma quase satisfatória, tanto na rede pública, quanto privada do país. Claro que ainda há uma parcela de brasileiras que não tem acesso à saúde e outra parcela que passa muita dificuldade para conseguir fazer seu acompanhamento (incluo aqui as dificuldades de encontrar médicos, agendar consultas, filas, etc).

Abundância de informações

Um aspecto positivo é que temos uma abundância de informações sobre saúde no pós parto na internet, o que nos ajuda a combater a desinformação. Embora ainda existam muitos mitos e tabus que ainda não foram quebrados.

Para que estas informações se transformem em conhecimento e sejam usadas de forma efetiva acabamos dependendo da qualidade de educação formal. Muitos brasileiros não conseguem interpretar textos, logo, não terão condições de compreender as informações, muito menos de usá-las de forma adequada.

Os desafios do pós-parto

As principais intervenções médicas pós-parto acontecem quando a mulher tem um bebê de dias em seus braços. O acesso ao médico nem sempre considera este delicado contexto. Fila, espera demorada, falta de tato/respeito, é o que encontramos neste momento.

Depois exisem ainda as consultas de rotina, que também são um desafio, pois para ir ao médico a puérpera precisa que alguém ajude com o bebê.

Outro desafio é o tamanho da sala de espera dos obstetras e pediatras. Muitas não dá para entrar com mala de bebê e o carrinho. Ainda mais quando consideramos que são vários carrinhos em um mesmo saguão. Parece bobagem, mas preocupar-se com o bem estar da mãe no pós-parto é uma ação de fundamental importância. Estamos lidando com um momento muito especial da vida, precisamos sem empáticos.

Deficiência no atendimento a saúde da puérpera

Embora tecnicamente tenhamos atendimento médico satisfatório no puerpério, ainda falta muito no quesito humanização deste acompanhamento.

Consultas rápidas, focadas apenas em exames, sem acolhimento e empatia com a puérpera. Negligências em relação a algumas preocupações consideradas não fundamentais. Falta de uma visão integrada e não apenas ginecológica da mulher. São alguns dos empecílhos que encontramos.

Concluindo

A puérpera hoje consegue encontrar informações disponíveis sobre saúde física no pós-parto e meses seguintes. O atendimento profissional é satisfatório, embora exista espaço para melhorias. Com exceção às regiões de precariedade onde a deficiência não é apenas com relação a saúde da mulher, mas em aspecto geral.

Desta forma, podemos considerar que o aporte físico à puérpera atende minimamente suas necessidades. Cabe assim a preocupação com os aspectos emocionais e espirituais do puerpério que são o foco da minha reflexão e vou tratar nas próximas postagens.

A qualidade do cuidado com a mulher no pós-parto terá um impacto no bebê. Uma mãe bem nutrida física, emocional e espiritualmente terá melhores condições de oferecer o melhor ao bebê.

Veja mais sobre os outros aspectos relevantes para o pós-parto:

Aspectos emocionais do puerpério;

Aspectos espirituais e filosóficos do puerpério.

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