Hoje conversei com uma amiga que recém descobriu que estava grávida. Uma das coisas que ela enfatizou é estar com medo.

Então comecei a pensar sobre como foi o meu processo e lembrei de quantas vezes tive medo durante a gestação.

Baby image created by Freepik

Temos medo de não engravidar e temos medo de engravidar. Temos medo de ter algum problema raro ou algum problema comum, temos medo que o bebê esteja sentado, ou da placenta prévia, ou que ele saia de nós quando formos fazer xixi. São infinitos medos, dos mais sérios e coerentes aos mais ridículos. Mas, indiferente disso, são medos, são nossos e são reais. Portanto, precisaremos lidar com eles durante os nove meses de gestação.

Nas minhas reflexões tenho percebido que o medo é fundamental para o processo de desenvolvimento humano. Precisamos do medo para nos mantermos vivos,  para nos instigar a superar nossas limitações

Já pensou em ver o medo como tomada de consciência?

O medo que surge quando decidimos pelo caminho da maternagem faz parte do processo de tomada de consciência da missão que assumimos ao desejarmos sermos mães e pais. É esperado sentirmos medo, pois vamos sair de uma zona de conforto onde somos responsáveis apenas por nós, para sermos responsáveis por uma nova vida que levará anos para se desenvolver e dependerá muito de nós. É pertinente e necessário termos medo.

O medo pode ou nos paralizar e impedir de continuar, ou nos impulsionar a superá-lo. Visto que você está grávida e a gestação vai naturalmente avançar, não dá para paralizar. Então só resta superar o medo. E se podemos gerar uma vida, é porque temos a força para isso dentro de nós.

Os medos são absurdamente reais, mesmo quando irracionais.

Em outras reflexões sobre medos, percebi quanto eles são reais e frágeis ao mesmo tempo. Pense, por exemplo, em uma criança no escuro com medo do monstro em baixo da cama. Enquanto ela está deitada, no escuro, com seu medo, ele é espantosamente real e paralizante. Ela não chama pelos pais, não ousa se mover, porque seu monstro poderá ouvi-la e atacá-la. Quando ela, depois de sofrer com este medo, toma coragem e decide enfrentá-lo ligando a lanterna ou olhando embaixo da cama, ela desfaz o monstro. Neste momento poderá ver que ali não há nada, seu monstro que era denso, vira pó.

É importante respeitarmos o nosso medo e o de nossos filhos. Se for pesquisar sobre o medo infantil encontrará autores que falam que nunca devemos dizer a uma criança que seu medo é bobagem ou não tem importância, porque para a criança ele é importante e só poderemos ajudá-la compreendendo isso. Da mesma forma, os nossos medos também são importantes e reais. Respeite-os para poder vencê-los.

Assim são nossos medos: eles aprecem densos, reais e possíveis, mas basta olharmos com coragem para eles, ligar nossa lanterna da inteligência para enfrentá-los que eles irão se desfazer feito pó. Basta que seu bebê nasça para que seus medos da gestação se dissolvam. Mas fique tranquila, surgirão novos.

Basta ligar a lanterna e iluminar que o medo se desfaz, feito pó.

Para combater o medo do monstro de baixo da cama, ligamos a lanterna e espiamos. Para combater nossos medos de adultos, devemos também ligar a lanterna, colocar algo iluminado que serão nossas potencialidades como a coragem, a inteligência e tantas outras.

Assumir um bebê em um mundo cheio de problemas como o nosso atual é um ato de coragem, então não duvide da sua.

E como fazer para ligar a lanterna? Procure pessoas e informações iluminadas. Sabe aquela pessoa que só fala desgraça, aquele médico que só fala o que pode dar errado e aqueles livros que só falam dos problemas e das coisas que podem acontecer de ruim na gestação? Fuja deles. É esse tipo de coisa que faz seu medo crescer. Busque aquelas pessoas e profissionais que te acalmam e te dão segurança, seus medos naturalmente vão diminuir. Outras formas de ligar a lanterna é escolher uma playlist inspiradora e ouvir quando você estiver preocupada, atividades físicas, meditação ou similares podem ajudar a aliviar as tensões e dissolver medos. Boas leituras e informação de qualidade na cabeceira ajuda. E naquela hora que o medo tá te deixando muito preocupado, tenha uma boa conversa com alguma pessoa que te inspire, convide uma amiga para um café, assista um filme que te faça feliz. Esses são recursos para acender a lanterna nos nossos medos.

Medo como tomada de consciência

Quando nos deparamos com tudo o que envolve a maternagem, vamos ver que é um mundo novo e desconhecido do qual já ouvimos falar, mas ainda não experimentamos. E enfrentar o novo dá medo o que nos leva a prudência, a nos prepararmos para o desafio, a buscarmos referências, a refletirmos sobre o que já sabemos deste mundo novo, o que precisamos aprender e o que precisaremos apenas viver e ver como vai ser.

O medo também vem da percepção do quão importante e grande é esta missão que nos foi concedida. A missão de acolher uma vida humana, com toda sua complexidade vai nos dar medo, este medo nos instigará a desenvolver a responsabilidade. Essa nova vida depende completamente de nós durante toda a primeira infância. Claro que tem a escola, os avós, o pediatra, o resto da sociedade, mas a base, o início de tudo e a maior referência são os pais. Os demais ajudam, mas os pais são responsáveis.

Não podemos esquecer da coragem, que é a virtude que vence o medo. Coragem é agir com o coração, que representa o amor. Todos os grandes homens e sábios da humanidade ensinam que o amor tudo vence. O medo nos instiga a usar a coragem, a tirar a força do amor que temos em nosso coração e usá-la, quando agimos por amor, os monstros se assustam e correm pois eles não conhecem o amor e o desconhecido assusta.

A inteligência é uma forte aliada na superação dos medos. Há muitos mitos envolvendo a gestação, educação, bebês e o universo da maternagem. Existe muita bobagem, muita crendice, muita insanidade, muita gente dando palpite e muita falta de informação. Hoje temos muitos recursos de informação a nossa disposição, então em respeito a coragem de nossos antepassados que tinham filhos sem poder pesquisar nada no Google muito menos ver vídeos no Youtube, devemos pesquisar e nos informarmos. Ser informado é colocar luz. Usar a inteligência para pesquisar, comparar e avaliar o que tem fundamento e o que não tem. Não acredite no que te dizem só porque sim. Veja opiniões de diferentes médicos, pesquise as possibilidade, busque entender o motivo de cada procedimento que te assusta, tenha a mente aberta porque as coisas mudam, o tempo todo mesmo quando o assunto é gestação.

Como superei meus medos

Primeiro, com muita informação. Eu pesquisava sobre tudo o que me dava medo. Perguntava para o médico e p
ara o Google (evitava falar para o médico que vi no Google para não promover a discórdia). Perguntava para as pessoas que já haviam passado pela experiência. Fui construindo uma rede de apoio com pessoas que nem sabem que foram minha rede de apoio, mas seus exemplos e palavras iam me ajudando a desconstruir os medos.

Segundo, com alguns “mantras” pessoais.  Eu criei algumas anotações mentais que me ajudavam a superar as coisas que mais me assustavam. E os repetia como máximas sempre que precisava. Eu usava mentalmente, mas vale colar na geladeira, no espelho do banheiro, na proteção de tela do celular.

Terceiro, confiando na natureza e sendo otimista. Mulheres estão parindo há, no mínimo, 200 mil anos. Hoje são mais de 6 bilhões de pessoas que foram paridas, o que garante que a natureza sabe o que faz. As chances de que tudo vai dar certo são muito grandes, pois, além da natureza, temos toda a tecnologia para nos apoiar.
Ah, mas estamos sempre vendo coisas ruins e histórias tristes na TV ou que ficam nos contando. Isso é porque temos um vício cultural em reproduzir o negativo. Mas, se formos ver, as histórias boas são bem mais numerosas. Portanto, seja otimista. Você aceitou um desafio, teve coragem, responsabilidade e está se esforçando. É provável que, diante desta postura na vida, tudo dê certo. É mais que esperado.
Estatísticas mostram que tudo vai dar certo, confie nela, é matemático e é preciso.

Ah, mas e se der errado justo comigo? Bem, se acontecer, aí você junta a coragem, a informação e a prudência para lidar com a situação real, sem sofrer com antecedência e pense no que a vida quer lhe ensinar com este desafio. Porque as coisas não “dão errado” simplesmente. Elas se apresentam para nos ensinar o que precisamos, em diferentes roupagens. Mas este será assunto para uma nova postagem.

Resumindo a ideia, é esperado termos medo na gestação (e na vida). Nossos medos são reais e devemos respeitá-los. São eles que nos levam a prudência e nos permitem desenvolver a responsabilidade. Ao respeitar o medo podemos usar a coragem e a inteligência para seguir adiante. Com informação e reflexão é possível criarmos processos para lidar com nossos medos, no nosso ritmo e nos respeitando. E uma chave importante para os medos durante a gestação  é confiarmos na natureza, pois o corpo humano é uma máquina perfeita e foi naturalmente projetado para gestar, o processo é natural e instintivo, ter fé nisso nos ajuda a sermos mais tranquilas. E quando os medos estiverem muito presente, use fe

____________________
Gostou da reflexão? Conta aí nos comentários como foi com você, quais eram seus medos e como lidou com eles. Assim você também ajuda outras gestantes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.