Restaurante Xerazade – História na hora da alimentação

Esta semana para resolver uma dificuldade na alimentação do meu filho me inspirei na rainha persa e criei o “Restaurante Xerazade“, para quem está por fora, foi ela quem inspirou “As mil e uma noites”.

Meu filho Ben está em uma vibe na alimentação onde ele se distrai, fica enrolando, conversando e esquece de comer. Para ajudá-lo criei o tal restaurante onde a cada garfada ele ouve um pouco da história.

Primeiro um alerta sobre alimentação

A ideia aqui não é forçar a alimentação. Quer dizer, um pouco é, mas com um certo cuidadinho. Todas as questões alimentares na primeira infância merecem um cuidado especial, tanto a introdução alimentar quanto as refeições das crianças.
Algumas linhas pedagógicas falam que a criança não deve ser forçada a comer de forma desrespeitosa e abusiva. Na verdade a criança não deve ser tratada assim nunca, né?

Precisamos, durante a alimentação, respeitar seu ritmo, gostos e sermos gentis na relação com a refeição para que tenham um caráter de nutrição e não se tornem um fardo ou memórias negativas. No livro Infância, A Idade Sagrada li que alguns estudos associam distúrbios alimentares e neuroses com processos inadequados de alimentação durante a infância. Sabe quando ficamos obrigando a criança a comer e a refeição vira um estresse? Isso que não é adequado, na minha opinião.

O problema que enfrentávamos durante a alimentação

Esta alternativa nós começamos a usar porque o Ben fica meio dispersivo durante a refeição. Resumindo, ele fala muito e come pouco. E também porque ele come só o alimento que ele mais gosta, que, naturalmente, nunca é o mais nutritivo.

Não encho o prato, coloco um pouco de comida para ele não ficar com muita fome antes da próxima refeição. Fome é um dos fatores que geram crises emocionais (os pitis), então é bom evitá-la.
Muitas vezes ele não come porque está muito cansado. como quando chega da escola, ou no fim da manhã, antes da soneca. Nestes casos apelar para o lúdico torna o processo mais tranquilo e todos ficam felizes.

Se vejo que a alimentação não está fluindo, proponho a brincadeira. Às vezes faço valer só quando come a colherada de legumes, mas nunca forçando a barra, se ele insiste que não quer comer determinada coisa, ele come as outras. E quando diz com mais ênfase que está satisfeito, terminamos a história.

Quando termina ele diz com voz fofa:
– Já enchi!

A solução – passo a passo de como executava

Eu pergunto:
– Ben, quer história?
Ele responde:
– Quero!!
Ele está numa fase que ama história.

Aí proponho a brincadeira: A cada colherada uma parte da história.

Quando ele termina de mastigar, encerro a narrativa e gero uma expectativa e lanço: – Colherada para saber o que aconteceu?
E seguimos.

Vantagens

As histórias são de boca então nós desenvolvemos a nossa criatividade para inventá-las. E como é bom poder inventar história sem nenhum impedimento. Dá uma bela oxigenada no cérebro caduco de adulto.
Ele treina a imaginação porque fica ouvindo e imaginando a situação. Dá até para ver seus olhinhos em posição de “estou realmente vendo esta cena”. É muito divertido.
Podemos introduzir assuntos que estejam sendo desafiadores no momento. Por exemplo, hoje a história era de um menino que tinha ciúmes da irmã. Porque notei que o Ben estava meio jururu de ciúmes. Claro que nada impede que você crie histórias sem segundas intenções.

Outro formato

Alguns dias fazemos o esquema de que cada um conta uma parte da história. Eu começo, depois o pai e tentamos que o Ben participe, mas ainda não rolou. Se a criança é um pouco maior, ou tem mais crianças vai ser super divertido… eu acho.

Moral da história

Incentivamos que ele coma, pelo menos um pouco, sem precisar apelar para ameaças, recompensas, promessas ou outras coisas pouco gentis.
Conseguimos que ele se distraia da crise de “do contra” típica do período. Assim quando ele diz que já está servido é porque realmente comeu o que precisava e não para exercer seu poder de “não”. Porque nesta idade as crianças dizem não para tudo, mesmo quando querem dizer sim, é uma forma de contornar positivamente essa questão, sem agredir sua autonomia.
Obrigada Xerazade!
E você, como tem ajudado na alimentação de seu filho? Compartilha conosco!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.