Bebê: Se derrubar 80 vezes eu junto 81
Nossa bebê está naquela fase de jogar as coisas no chão para ver a gente juntar. E, para variar, tem mito enroscado neste momento.
Esta situação é ofensiva para o adulto que leva tudo para o lado pessoal. Achamos que estamos sendo feitos de bobos e que a criança está de sacanagem. Instintivamente xingamos e dizemos “se jogar de novo não vou mais lhe dar”.
Acontece que isso tudo são nossas limitações de compreensão de desenvolvimento humano. Desta forma, não é pessoal, mas uma aprendizagem. aprendizagem.
Por que o bebê faz isso?
Os bebês passam por esta fase durante seu processo de compreensão do padrões do mundo. Eles precisam experimentar, repetir inúmeras vezes as ações para validar como funciona o que está ao seu redor. Desta forma o processo de aprendizagem deles é diferente do nosso. É sabido que a parte do cérebro usada por eles não é a mesma usada pelos adultos para adquirir novos conhecimentos. Sendo assim, não podemos julgá-los pelos nossos métodos, sem compreender o processo deles. A propósito, só compreendemos a forma de ser do outro quando olhamos sob sua perspectiva. O contrário gera julgamento e preconceito.
Curiosidade é algo inato ao bebê, explora e se encanta com tudo. Sons, cheiros, toques, sensações, é muita novidade, o tempo todo. Desta maneira ele vai construindo padrões. Assim vai observando o que se repete e aprendendo as regras do mundo com essas repetições.
Quando o bebê joga o brinquedo no chão e o faz novamente assim que você o junta, é apenas para ver o que acontece, se o padrão se repete, para experimentar. É sua forma de aprender, nada mais. Sabe quando temos que decorar algo e ficamos repetindo? Imagine-se experimentando algo completamente novo. Você faz, faz de novo, e mais uma vez para ter certeza se gosta, se é daquele jeito. É a mesma coisa.
Não é pessoal, é aprendizagem
Seu bebê não está lhe “afrontando” e não quer te fazer de bobo. Bebês tem sede, fome, desconforto e curiosidade. A propósito, eles não tem maturidade para fazer fazer algo mau. Sendo assim, não fazem joguinhos psicológicos para conseguir coisas. Não tem capacidade de pensar em como “nos dominar”. É fisiológico, não há capacidade mental de um bebê manipular. Bebê apenas demonstra suas necessidades. Ele age e espera a reação. Com base nisto aprende algo.
O brinquedo não é jogado repetidamente para que nos vejam juntá-lo. Não sejamos convencidos. Não é sobre nós, mas sobre a existência. Sobre como o universo funciona.
Não limitem essas crianças mostrando que sua curiosidade, seus testes, suas experiências nos são um fardo. Não limitemos suas potencialidades, pois é esse amor pela experiência que fará uma (ou um grupo) dessas crianças descobrirem a cura do câncer ou qualquer outra coisa importante.
Vai passar, seu bebê fará isso por pouco tempo
Se ela jogar 80 vezes, junte 81. Fiz isso com o Ben, estou repetindo com a Flora.
Esta é uma fase curta, logo passa e não nos custa muito juntar. É até um treino de humildade, generosidade bastante simples. Se você achar um saco, é porque você não está bem. Cansaço, preocupações, excesso de responsabilidades, isso incomoda, juntar o objeto é tranquilo, até bom.
Se divirta, faça uns agachamentos. Amarre um fio de nylon se tiver muita preguiça. Se supere de alguma forma.
Não leve pro lado pessoal, não é sobre você, mas sobre os mistérios do mundo que quando crianças temos o prazer de desvendar e que esquecemos o quanto isso é fundamental quando crescemos. Lembre-se que esta criança a sua frente leva a esperança e o potencial que toda alma humana possui. Não cale essa potência. Junte, junte, junte, por amor, e repita: vai passar.